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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

50 Milhas de Morungaba (80 km de montanhas), (11ª Corrida do ano).

       
          Para relatar esta Ultra tenho que voltar lá atras, mais precisamente em agosto, quando comecei a planejar as competições do fim do ano, me inscrevi na Maratona Cross de Búzios que ocorre no próximo sábado (1/11) e assim iniciei os treinos, visando  Búzios, passados 1 mês me sentia muito bem, bem resistente e comecei a ter umas ideias, poxa to bem, porque não uma prova mais longa?     E fui pesquisando o que teria de Ultras e achei as 50 milhas que ocorreria em 25/10, logo pesquisei hotéis enfim toda a logística. Faltando 3 semanas para a prova me inscrevi para minha 9ª Ultramaratona, eita loucura, começar a treinar para uma prova e decidir por outra, mas sou movido a desafios e este só iria ser mais um, chegada a semana da prova a ansiedade batia, por vários motivos, os 700 km que iria ter que dirigir, se ia descansar se isso se aquilo, enfim na madrugada de quinta as 4 da manhã parti estrada a dentro, as 15 horas já estava em Morungaba, localizei logo minha pousada (Pousada da Rosa), simples mas um local muito bom para descansar, com muito verde e com funcionários atenciosos. Logo localizei um hóspede que me chamou a atenção, puxei conversa e era um Ultra do RJ, Reinaldo Cunha, que estava ali pelo mesmo motivo que eu, fizemos amizade e o papo descontraia a tensão pré prova.



Lago nas dependências da pousada.
Muita área verde na pousada.

          Quinta a noite, junto com minha família fui conhecer Morungaba, local lindo, cidade pequena, povo extremamente educado e atencioso. Logo a fome apertava, nada de massas essas coisas que muitos gostam, "jantei foi um x-tudo daqueles de dar água na boca, rsrs.

          Sexta-Feira véspera da corrida pela manhã fui conhecer e passear no Parque Municipal de Morungaba.




Na parte da tarde o momento foi de relaxar na pousada pois o grande dia da Ultra já estava próximo.


Manhã de sábado, as 6:40 hrs já me encontrava na praça dos Italianos, local da largada, o nervosismo incomodava um pouco, mas as 7 fomos convidados a nos juntarmos e partir para a prova.

Reinaldo Cunha do RJ e eu, pouco antes da largada.

Nos alinhamos e ao som da buzina partimos, sai na frente juntamente com o Reinaldo e após 300 metros já encaramos uma parede para subir, risos, de 770 metros fomos a 880 em apenas 1 km, sempre na frente da prova nesse trecho, no topo pegamos uma trilha em descida forte, curtia o visual nesse ponto que era muito lindo.

Logo após o primeiro morro entrávamos em uma trilha em meio a muito verde.

Em provas de montanhas se desce um pouco pode ter certeza que a subida parece ser o dobro e logo o terreno inclinou, mas o contato com a natureza deixava tudo mais tranquilo.

Trecho de subida em trilha.

          E esse trecho inicial bem duro de correr foi passado, olhei o relógio na primeira hora de corrida, até tomei um susto, pois só tinha corrido 7,5 km, mas se estava duro para mim, para o restante também estava, nesse momento estava em 3º na corrida e sozinho, dois corredores já se distanciaram e fui batendo perna em estradões. No km 15 fui alcançado por um Ultra que correu ao meu lado alguns km e me deixou e se foi, mais a frente voltei a encontrar o Reinaldo e passamos a correr juntos e éramos os 4º e 5º colocados e no km 25 passei um dos piores momentos nessa Ultra pois fiquei muito enjoado e para não vomitar passei a caminhar, talvez a mudança brusca de altitude tenha feito isso comigo, disse ao Reinaldo para ir pois se ficasse comigo poderia perder o pódio, mas prontamente ele me disse, vou andando com você até a chegada se for preciso, esse espírito nas Ultras que me encanta, resultado andamos um pouco, tomei um Sal de Fruta que havia levado e logo já estava correndo novamente e os km iam passando divertíamos com nosso papo e os belos locais que havia.

Um dos lindos locais em que passamos.

Km 40 a organização estava em um ponto da estrada nos avisando para entrar em uma trilha e que seriam 6 km, trecho muito duro, muitas valetas, descíamos, subíamos e fomos vencendo esse duro trecho. Lá pelo km 60 foi a vez do Reinaldo sentir o mal estar e foi hora de ele andar e ele me disse, vá, foi a hora que retribui a atenção de antes fui andando com ele e logo melhorou e voltamos a correr novamente. A lição que ficou nessa Ultra foi a solidariedade que impera entre os Ultras, recebi ajuda de outras equipes e dos próprios atletas, o que acabo não vendo em corridas curtas, por isso cada vez mais me apaixono pelas longas distâncias.
Com mais de 60 km esse era o trecho onde passamos.


          Apesar de ter me sentido muito mal durante a prova, fui sempre dando um passo após o outro vencendo km a km, não parei sempre andava em maus momentos e sentir Morungaba mais perto a cada passo e saber que minha família estaria lá me aguardando foi o que me deu força para concluir a prova.

Observatório de Capricórnio, em Campinas.



           Nos últimos metros precisei segurar para não chorar, passa um filme, do que foi a prova, os treinos e só de ver minha família foi especial e melhor cruzar a linha de chegada com meu filho, não tem preço.


Melhor momento.


           Finalizei os 80 km em 10:03 horas ficando na 5ª posição geral no masculino.



Abaixo detalhes como altimetria e mapa da corrida via GPS, só clicar na imagem:


Na noite de sábado claro que não ia deixar de devorar mais um mega lanche de Morungaba, afinal eu tava merecendo, risos.